É possível gostar da língua portuguesa de muitas maneiras: uns gostam dela sem erros ortográficos ou sem pontapés na gramática, sem palavrões, sem estrangeirismos, sem sexismos; outros, sem variedades geográficas, sociais ou temporais e outros ainda sem o acordo ortográfico de 1990. Até há quem goste dela sem acordo de 1945, pelo menos em Portugal. Para todos os “sem” anteriores, há também quem goste dela com os correspondentes “com”: com erros ortográficos, com pontapés na gramática, com palavrões, com estrangeirismos, etc. Na Priberam, gostamos dela, ponto final. É por essa razão que o nosso trabalho contribui para a sua difusão, através dos nossos produtos e serviços linguísticos, o mais conhecido dos quais é o
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (DPLP).
Fruto dos tempos contestatários e reivindicativos que se vivem (ou talvez não...), agora há também quem goste da língua portuguesa através da causa “
Por uma Língua Portuguesa sem publicidade”. Não é o nosso caso. Porquê? Porque esta é uma causa que tem de se colocar em causa, já que confunde muitas coisas, confundindo nomeadamente a língua portuguesa com dicionários de língua, a julgar pelos seguintes comentários, da autoria de João Filipe Ferreira: “A língua Portuguesa não é do Priberam, é do povo Português! O portal da priberam não se tornou num dicionário, tornou-se num portal semítico-financeiro sem o propósito primordial de revelar o significado da palavra. Cinjamo-nos ao verbete! Por uma Língua Portuguesa Livre de Publicidade e de adereços prescindíveis!” [citação retirada em 24-11-2010].
Para que não haja dúvidas, uma língua é uma
língua, um dicionário é um
dicionário. Quanto à língua portuguesa, ela é dos seus falantes, tenham eles a nacionalidade que tiverem. Como é óbvio, a Priberam nunca a reclamou como sua, mas reclama seu o investimento que tem feito no DPLP, que não é um dicionário qualquer.
Como é referido na secção "
Sobre o dicionário", o DPLP é a plataforma lexicográfica
online da Priberam, lançada em 2009, após aquisição, em 2008, dos direitos do
Novo Dicionário Lello da Língua Portuguesa (Porto, Lello Editores, 1996 e 1999), também conhecido apenas por
Lello. O
Lello foi o ponto de partida mas já não pode ser comparado ao DPLP, pois a Priberam fez a adaptação a um formato electrónico, a actualização da estrutura e conteúdo do dicionário e o enriquecimento com outro tipo de informação linguística. O DPLP disponibiliza, para além dos blocos de anúncios, a palavra e a dúvida do dia em destaque, o acesso rápido a vários tipos de pesquisas (com e sem o novo acordo ortográfico), a definições, a sinónimos e antónimos gerais e por acepção, a exemplos de uso (através de exemplos explícitos no texto do verbete ou de ocorrências reais no Twitter), a remissões para dúvidas linguísticas, à conjugação verbal, aos auxiliares de tradução. Tudo isso, sem qualquer custo para os consulentes, mas, sublinhe-se, com custos para a Priberam.
A causa “Por uma Língua Portuguesa sem publicidade” insurge-se contra o espaço ocupado pela publicidade na página do DPLP mas, apesar do que possa parecer, a publicidade do DPLP não paga as despesas que a Priberam tem com a sua manutenção, nomeadamente os custos com recursos humanos, servidores,
software, conectividade, actualizações contínuas do conteúdo, respostas a dúvidas, etc. Talvez não fosse má ideia lançar uma causa para mais pessoas consultarem o DPLP para que a Priberam possa mantê-lo gratuito e com o nível de serviço e actualização que actualmente disponibiliza. Relembramos que a Priberam é uma empresa privada que não depende de subsídios ou subvenções nem tem verbas inscritas em orçamentos de Estado.
Por fim, ficam aqui algumas sugestões de outras causas, quiçá mais prementes:
- pela disponibilização gratuita e
online das obras lexicográficas da Academia das Ciências de Lisboa, instituição pública e com funções estatutárias de defesa da língua portuguesa;
- pela edição de um vocabulário comum autorizado, tal como previsto pelo acordo ortográfico de 1990;
- pelo combate à iliteracia;
- pelo incentivo à prática regular da leitura;
- pela melhoria da qualidade e das condições de ensino da língua portuguesa nas escolas e nas universidades.