Este ano, o Dia Internacional da Língua Materna tem por lema “Rumo a futuros sustentáveis através da educação multilingue”.
Com esta iniciativa, a UNESCO celebra há 17 anos a diversidade linguística e cultural e visa contribuir para a promoção da educação global porque, como se pode ler na mensagem deste ano da sua directora-geral, Irina Bokova, a educação e a informação em língua materna são essenciais para melhorar a aprendizagem e fomentar a confiança e a auto-estima, alguns dos principais motores de desenvolvimento. Por essa razão, a UNESCO faz um apelo para que o potencial da educação multilingue seja reconhecido no mundo inteiro, nos sistemas educativos e administrativos, nas expressões culturais e nos meios de comunicação, no ciberespaço e nas relações comerciais.
Para comemorar esta data, deixamos ainda à reflexão as seguintes palavras do escritor José Eduardo Agualusa:
«Existem actualmente cerca de seis mil línguas em todo o mundo. Destas, três mil vão desaparecer muito provavelmente nos próximos cem anos. Noventa e seis por cento das línguas do mundo são faladas por apenas quatro por cento da humanidade. Em média, a cada quinze dias desaparece uma língua, e África é o continente mais ameaçado.
Ao contrário do que sugere o mito de Babel, acredito que é mais fácil alcançar Deus, ou seja, o entendimento do mundo, falando muitas línguas, do que comunicando numa única. O pensamento exige palavras. Um pensamento muito complexo exige muitas palavras e diversos idiomas. Quando essas línguas se perdem, o homem fica inevitavelmente mais longe do Absoluto. Há realidades, emoções, certos prodígios e mistérios que só podem ser expressos em determinadas línguas. Uma única língua não é capaz de expressar todas as formas e graus da compreensão humana.»1
1 José Eduardo Agualusa, “A língua portuguesa em Angola – língua materna versus língua madrasta”, in revista Imaginário, n.º 10, USP, pág. 28, 2004/2005. Texto disponível online em http://www.casadasafricas.org.br/wp/wp-content/uploads/2011/08/A-lingua-portuguesa-em-Angola-Lingua-materna-versus-lingua-madrasta.pdf.