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segunda-feira, 3 de junho de 2019

Agustina Bessa-Luís (1922-2019)



Prestamos homenagem à escritora Agustina Bessa-Luís, falecida hoje, pela voz da própria:

«Descobri-me escritora muito mais tarde, mas teria doze anos e fazia redacções na escola como uma futura escritora: com imaginação, com gosto de transformar, de encontrar esse reino da palavra que era fabuloso e impossível de ignorar, que fazia parte de mim. O gosto da palavra foi muito importante para me orientar para a escrita. Depois, o gosto de ouvir. O lado do meu pai era uma família rural, eram lavradores que faziam a quinta pelas próprias mãos, como se dizia. No fim do dia, havia ainda cozinhas com a lareira acesa, as pessoas reuniam-se e contavam o que se passava durante o dia e não só. Depois vinham as histórias do passado, aquelas histórias que as mulheres sabem tão bem recolher e embelezar. Foi o primeiro encontro com a narrativa, essas histórias das mulheres, sobretudo as mulheres.»


Sobre a autora de, entre outros títulos, A Sibila (1954), obra marcante da ficção portuguesa contemporânea, afirmou José Saramago
«Se há em Portugal um escritor que participe da natureza do génio, esse é Agustina Bessa-Luís [...]. Não é diminuí-la dizer que a vastíssima e poderosa obra de Agustina Bessa-Luís tem, entre todas as mais leituras, uma leitura sociológica. Cada um no seu terreno, cada um no seu tempo, cada um segundo as suas especificidades pessoais e artísticas, Balzac e Agustina Bessa-Luís fizeram o mesmo: observar e relatar. O século XIX francês compreender-se-á melhor lendo Balzac. A luz que irradia da obra de Agustina ajudar-nos-á a ver com mais nitidez o que foi a mentalidade de certa classe social no século XX. E também, já agora, a do final do nosso século XIX.»

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