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terça-feira, 6 de julho de 2010

Matilde Rosa Araújo (1921-2010)

"Saber ler na vida - folhear honestamente a vida
Apaixonadamente a vida
Nas arcas da noite, nas arenas do dia:
Risos, lágrimas, serenos rostos aparentes
Como se abríssemos cada dia a verde lima do espanto.
Não passar folhas em branco sem as entender,
Olhar rostos como quem tacteia rugas
Descobrindo planetas de mágoa ou rios de alegria.
A primeira página e o segredo puro dos acabados de gritar o primeiro grito,
iluminada essência do futuro.
E tudo isto
Entre vermes, frutos, flores, rinocerontes, pássaros,
Cães fiéis
Águas e pedras
E o fraterno fogo que acendemos a cada hora,
No espaço branco que é estendermos a nossa mão
Para outra mão apertarmos simplesmente
Mão pela qual corre o sangue como um rio de fogo.
Só temos uns tantos anos para lermos este livro
Debaixo do Sol,
Ou sob o aço da noite
Para este fogo tecer.
Chamarás ciência cultura vida dor espada ou espanto a tudo isto
Ou ilegível monotonia.
Nada. Mas lê."


Matilde Rosa Araújo, in Voz Nua

1 comentário:

  1. Fui vossa cliente uma vez, no início desta coisa que é a Internet e no teclar as palavras certas.
    Vou roubar este poema e vou «linkar-vos».
    Obrigada.

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