«Meu maior título de glória (quase ninguém sabe, você passa a ser dos poucos informados disso) é ter praticamente inventado a expressão paca, de curso, hoje, nacional. Está registrado no meu livro "Trinta anos de mim mesmo": publicado pela primeira vez no O Cruzeiro em 1957 (!). O Ziraldo me disse: "Essa não sai”. Saiu, e não aconteceu nada, porque pouca gente conhecia a palavra. Que, aliás, dizer a verdade, eu não inventei. Mas era, também, uma household word do meu grupo de meninos no Meyer. Tão usada que fazíamos variações (o cansaço traz, fatalmente, inovações linguísticas): paca, praca, páraca. Tudo maneira de eufemizar euforicamente o proibidíssimo, praticamente criminoso, na época: ”Pra caralho!” Hoje, com a permissividade, paca nem terá surgido: qualquer freira diz, sem ruborizar, a expressão-mãe.»
In “Uma carta com história” [consultado em 29-03-2012]«Ninguém perguntou mas eu respondo. Sobre a nova ortografia. Pô, no meu tempo de vida já passei por quatro reformas. Durante mais de dez anos combati (ou escrevi irresponsavelmente, vocês decidem) os famigerados "sinais diacríticos diferenciais". Já enchi. Língua é a falada. A língua escrita, ortográfica, procura, mal e mal, registrar isso. Serve pra normatizar, encinar os burocratas a escrever serto.»
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