Comemora-se hoje o centenário do nascimento da escritora e poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004).
A programação da celebração do Centenário de Sophia inclui concertos, leituras, exposições, conferências, teatro e dança.
Nós celebramos com dois poemas da autora sobre a escrita:
«A Escrita
No Palácio Mocenigo onde viveu sozinho
Lord Byron usava as grandes salas
Para ver a solidão espelho por espelho
E a beleza das portas quando ninguém passava
Escutava os rumores marinhos do silêncio
E o eco perdido de passos num corredor longínquo
Amava o liso brilhar do chão polido
E os tectos altos onde se enrolam as sombras
E embora se sentasse numa só cadeira
Gostava de olhar vazias as cadeiras
Sem dúvida ninguém precisa de tanto espaço vital
Mas a escrita exige solidões e desertos
E coisas que se vêem como quem vê outra coisa
Podemos imaginá-lo sentado à sua mesa
Imaginar o alto pescoço espesso
A camisa aberta e branca
O branco do papel as aranhas da escrita
E a luz da vela – como em certos quadros –
Tornando tudo atento» Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética III, Lisboa: Caminho, 1990, pág. 328.
«Escrita II
Escreve numa sala grande e quase
Vazia
Não precisa de livro nem de arquivos
A sua arte é filha da memória
Diz o que viu
E o sol do que olhou para sempre o aclara» Idem, Ibidem, Lisboa: Caminho, 1990, pág. 348.
Prestamos homenagem à escritora Agustina Bessa-Luís, falecida hoje, pela voz da própria:
«Descobri-me escritora muito mais tarde, mas teria doze anos e fazia redacções na escola como uma futura escritora: com imaginação, com gosto de transformar, de encontrar esse reino da palavra que era fabuloso e impossível de ignorar, que fazia parte de mim. O gosto da palavra foi muito importante para me orientar para a escrita. Depois, o gosto de ouvir. O lado do meu pai era uma família rural, eram lavradores que faziam a quinta pelas próprias mãos, como se dizia. No fim do dia, havia ainda cozinhas com a lareira acesa, as pessoas reuniam-se e contavam o que se passava durante o dia e não só. Depois vinham as histórias do passado, aquelas histórias que as mulheres sabem tão bem recolher e embelezar. Foi o primeiro encontro com a narrativa, essas histórias das mulheres, sobretudo as mulheres.»
Sobre a autora de, entre outros títulos, A Sibila (1954), obra marcante da ficção portuguesa contemporânea, afirmou José Saramago:
«Se há em Portugal um escritor que participe da natureza do génio, esse é Agustina Bessa-Luís [...]. Não é diminuí-la dizer que a vastíssima e poderosa obra de Agustina Bessa-Luís tem, entre todas as mais leituras, uma leitura sociológica. Cada um no seu terreno, cada um no seu tempo, cada um segundo as suas especificidades pessoais e artísticas, Balzac e Agustina Bessa-Luís fizeram o mesmo: observar e relatar. O século XIX francês compreender-se-á melhor lendo Balzac. A luz que irradia da obra de Agustina ajudar-nos-á a ver com mais nitidez o que foi a mentalidade de certa classe social no século XX. E também, já agora, a do final do nosso século XIX.»
Esta semana, Carlos Amaral, membro fundador e director da Priberam, foi galardoado com o prémio “Personalidade”, no âmbito da 14.ª edição dos prémios "Os Melhores do Portugal Tecnológico".
Os prémios, atribuídos pela equipa editorial da Exame Informática, visam distinguir investigadores, empreendedores, produtos e fabricantes que se destacam nas áreas da ciência e da tecnologia.
O prémio “Personalidade” é definido por um júri convidado, composto por José Tribolet, professor catedrático do Instituto Superior Técnico (IST) e presidente do INESC, Pedro Veiga, professor catedrático da Universidade de Lisboa, Arlindo Oliveira, professor catedrático e presidente do IST, e Pedro Miguel Oliveira, jornalista e director da Exame Informática.
Com este prémio, o júri reconheceu “o pioneirismo, a capacidade de engenho e a perseverança de Carlos Amaral”. No ano em que a Priberam vai comemorar o seu 30.º aniversário e em que o Dicionário Priberam comemorou o seu 10.º aniversário, esta distinção tem um sabor ainda mais especial.
Na semana passada o Dicionário Priberam celebrou o décimo ano da sua existência e hoje celebra o décimo aniversário da “Palavra do dia”.
Trata-se de uma iniciativa da Priberam que, desde Abril de 2009, destaca, nem que seja por um dia, palavras maioritariamente raras, curiosas ou pouco consultadas, escolhidas pela equipa de linguistas e divulgadas diariamente na página do dicionário, no Facebook, no Twitter e no Instagram.
Tudo começou com anverso, a primeira palavra do dia do Priberam, divulgada a 8 de Abril de 2009. Desde então, já foram divulgadas 3652 palavras diferentes, o que corresponde a menos de 3% das palavras do dicionário. É caso para dizer que, em dez anos, já demos cerca de 150 voltas ao abecedário. Mesmo que não adicionássemos mais palavras ao dicionário, ainda temos palavras para mais 355 anos de palavras do dia, mais exactamente até 1 de Setembro de 2374.
A propósito dos 10 anos do Priberam, que hoje se celebram, ocorrem-nos dez coisas sobre este dicionário online de língua portuguesa que, ao longo de uma década, se tornou uma referência para falantes de português em todo o mundo. Como hoje é o dia das mentiras, descubra uma patranha na lista abaixo.
1.O Priberam é serviço público grátis.
2.O Priberam pronuncia-se |pribèrã| e rima com catamarã.
Há 10 anos que a Priberam disponibiliza seminários e almoços grátis!
Hoje decorre mais uma sessão da décima temporada dos seminários de aprendizagem automática patrocinados pela Priberam, a decorrer agora na primeira e na terceira quinta-feira de cada mês, das 13h às 14h, no anfiteatro PA2 (piso -1, Pavilhão de Matemática) do campus da Alameda do Instituto Superior Técnico.
Os seminários são encontros informais que permitem a apresentação e a discussão de vários tópicos relacionados com a aprendizagem automática (machine learning, em inglês) e disponibilizam uma refeição grátis a todos os participantes inscritos.
Quando Miguel Esteves Cardoso, na crónica “Patuscar Palavras”, e Ricardo Araújo Pereira, no programa Gente que não sabe estar (a partir do minuto 04:37), dois autores conhecidos pela verve e pelas suas iniciais, confundem a identidade do Dicionário Priberam, até apetece responder "Assim não", lembrando um segmento televisivo protagonizado por RAP. Qualquer semelhança do texto abaixo com esse segmento é plenamente propositada:
- Professor, o Priberam é um dicionário online da Priberam, não é?
- É!
- Portanto devia ser reconhecido como tal?
- Exacto!
- Mas eu poderia dizer que é da Porto Editora?
- Podia.
- E o que é que me acontecia?
- Nada!
- Mas estava a ir contra a realidade?
- Estava!
- E como é que a realidade me punia?
- De maneira nenhuma!
- Isso não é um bocadinho incoerente?
- Psht! Dizer que o Priberam é da Porto Editora é um engano, mas pode-se fazer, mas é um engano. Mas pode-se fazer! Só que é um engano! O que é que acontece a quem o faz? Nada! É um engano, mas pode-se fazer. É um engano...
- Portanto, posso dizer que o Dicionário Priberam é da Porto Editora, mesmo sendo da Priberam?
2018 foi o ano em que o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa voltou a bater recordes de acesso, com 37 milhões de utilizadores a perfazerem mais de 132 milhões de consultas.
O balanço geográfico é em tudo idêntico ao do ano anterior, com Brasil, Portugal e Angola no topo das pesquisas por país e Lisboa, São Paulo e Porto no topo das pesquisas por cidade. A principal diferença é que Londres surge agora como a primeira cidade não pertencente a um país da CPLP, seguida de Madrid e de Paris.
Palavras mais pesquisadas
Em Portugal, 2018 foi ano de pesquisar por quimera; no Brasil, foi ano de fazer buscas por ranço. Esta última foi também, no cômputo geral, a palavra mais pesquisada do ano.
Figura 1: Palavras mais pesquisadas em Portugal e no Brasil no Dicionário Priberam em 2018
Nos restantes países de língua oficial portuguesa, as palavras mais procuradas no Dicionário Priberam foram bicefalia (Angola), sociocognitivo (Cabo Verde), reteso (Guiné-Bissau), cadeado (Guiné Equatorial), oratura (Moçambique), diesel (São Tomé e Príncipe) e prever (Timor-Leste).
Nesta volta ao mundo feita através de pesquisas no Dicionário Priberam, também saltam à vista as buscas por comidas, bebidas e alimentos associados à cultura lusófona, como quizaca (África do Sul), chicha (Alemanha), farnel (Arábia Saudita), pampilho (Austrália), bica (Bósnia), jindungo (Bulgária), magusto (Cabo Verde), muamba e funje (Canadá), açorda e chispe (Colômbia), farófia (Croácia), lingueirão (Cuba), paçoca (Paraguai), chopinho (Peru), carcaça (República Dominicana) ou chanfana e sardinhada (Venezuela).
A procura por africanismos, de que são exemplo quizaca, jindungo, muamba e funje acima, reflecte-se ainda em buscas como cretcheu (Bélgica), chopela (Bolívia), bijagó (Irlanda), jajão (Holanda) ou quitanda (Tanzânia).
No domínio daquelas buscas que podem ferir algumas susceptibilidades, mas que já se tornaram habituais, não há como não reparar em ménage (Dinamarca), siririca (Espanha), galderice (Holanda), meita (Ilha de Jersey), chocha e minete (Luxemburgo), bujão (México), broche e canzana (Nigéria), paneleiro (República Checa), transa (Suécia), lambia-te (Suíça) ou encoxada (Turquia e Ucrânia).
A Priberam faz a análise e divulgação das palavras mais pesquisadas no Dicionário Priberam desde 2010. Em 2018, pelo segundo ano consecutivo, a Priberam associou-se à agência de notícias Lusa para, através do siteO Ano em Palavras, dar a conhecer as 24 palavras mais pesquisadas no dicionário relativas a eventos que marcaram o ano a nível político, económico, cultural e social.
Figura 2: Palavras pesquisadas no Dicionário Priberam que reflectem acontecimentos de 2018
O site está estruturado com as palavras apresentadas cronologicamente, de Janeiro a Dezembro e, para cada palavra, é possível aceder ao seu significado, bem como ao artigo e à foto da Lusa sobre o evento que motivou as pesquisas no Dicionário Priberam.